Nos últimos anos, a diversidade e a inclusão têm ganhado destaque como temas centrais no mundo corporativo cada vez mais competitivo, impulsionados pela consciência sobre os efeitos prejudiciais da discriminação e do preconceito, embora ainda enfrentem desafios significativos.
Apesar da importância ética e da justiça ligada a estes temas, estes pilares melhoram também o desempenho ao nível da inovação, da performance e da produtividade das empresas.
Por outro lado, do ponto de vista do candidato, o salário não é o único aspeto que é considerado no momento de escolha de um empregador. Cada vez mais tópicos, como benefícios, flexibilidade, reconhecimento e ambiente/cultura organizacional são tidos em conta. Mais do que apenas uma remuneração justa, a cultura organizacional é tambem um fator decisivo. Os candidatos procuram ambientes de trabalho diversificados e inclusivos, onde não exista discriminação com base no género, etnia, orientação sexual, entre outros aspetos relacionados com a sua identidade.
Por este motivo, torna-se essencial para as empresas a criação de estratégias de recrutamento justas que promovam pessoas com base nas suas skills, sem barreiras relacionadas com o género ou decisões pessoais, onde todos possam ter as mesmas oportunidades.
Iniciativas para potenciar o processo de contratação
A contínua avaliação das políticas de contratação nas organizações é um passo fundamental para assegurar uma maior transparência e igualdade no processo de recrutamento e seleção. Para isso, existe um conjunto de iniciativas que podem ser implementadas pelas empresas:
Em primeiro lugar, é necessário garantir que as estratégias de recrutamento são inclusivas desde o início, ou seja, devem eliminar-se preconceitos no processo de seleção e ampliar os canais de recrutamento, não utilizando apenas uma plataforma como única fonte no processo, de modo a oferecer uma amostra de candidatos mais ampla, de diferentes origens e géneros.
É também importante adotar um discurso inclusivo na criação de descritivos de funções, removendo linguagem discriminatória, com foco nas qualificações e nas competências.
Garantir que a empresa tem políticas de trabalho flexíveis ou trabalho remoto, é também um factor que promove a inclusão, uma vez que ajuda a que exista balanço entre o trabalho e a vida pessoal, permitindo atender a diferentes necessidades.
Durante o processo de entrevistas, é fundamental promover um painel composto por pessoas de diferentes backgrounds, experiências, idades e géneros, de modo a proporcionar aos candidatos uma perceção clara da cultura e dos valores da empresa.
Por outro lado, e para que o processo de recrutamento seja livre de preconceitos em todas as suas fases, as empresas devem avaliar continuamente as suas políticas de contratação para que estejam alinhadas com os seus valores.
Este tipo de práticas permite melhorar a representação de mulheres e de grupos minoritários nas empresas, que continua a ser insuficiente, principalmente em posiçoes técnicas e de liderança.
Um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo requer um compromisso a longo prazo. As empresas devem estar dispostas a rever e a ajustar continuamente suas políticas, práticas e culturas internas, que vão desde a implementação de práticas de contratação mais justas, até ambientes onde estes temas sejam verdadeiramente valorizados, para garantir um crescimento sustentável e equitativo no futuro da organização.
Mariana Ramos, Recruitment Operations Manager